terça-feira, 20 de outubro de 2015

Selvagens

E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"[1]

 Vivemos tempos selvagens, nos quais, aos nos expormos, parece que a inquisição espanhola vai querer cair sobre nós. Digo isso diante da quantidade de comentários raivosos que se sobressaem ao expressarmos uma determinada opinião ou trabalho na rede. Principalmente nos casos em que as pessoas vivem profissionalmente de seus textos, vídeos, como os casos de páginas e redes sociais voltadas para exibição de conteúdo.

Essa é a imagem do denominado hater, alguém que por se encontrar atrás de um monitor de computador e esconder seu rosto para quem está do outro lado, parece perder a vergonha de seus atos. Afinal, como o homem invisível, ao não se olhar no espelho, não se confronta com a culpa do que faz. O pior disso tudo é que há aqueles que propagam essa subespécie de cultura entre seus fãs e seguidores, mas esses primeiros têm a capacidade de se conhecerem e olharem para si mesmos. Tornando tais atitudes, para dizer o mínimo, completamente antiéticas.
Poucos não são, os exemplos disso acontecendo e esse ano tivemos alguns casos bem feios. Um deles chegou ao ponto do haters terem seu comportamento embasado através da opinião de alguém relacionado a figura a ser 'protegida'. Ainda que a pessoa possa não ter concordado depois com a forma que as coisas tomaram, ao fundamentar o objeto de seu julgamento, deu oportunidade para todo uma legião vir em cima do crítico original.
Porém, algo que eu nunca concordei, nesse caso em específico, foi com o fato de que a pessoa que ajudou no estopim hater ter colocado a seguinte incongruência: apropriação de diálogo e não se importa com críticas a opinião. Mas, epa, epa! Foi exatamente o contrário, porque ao final, há na publicação um super texto para corroborar essa obviedade. E se houve um erro interpretativo, eu muito concordo com ele, então penso que ele deixa de ter essa falha, pois afinal é uma questão de opinião - e não, minha opinião não é excremento. Se a de certas pessoas é, eles que são homens que se entendam com isso.
O que é complicado é lidar com essa fala de apropriação de diálogo, porque quem produziu a crítica jamais disse que o mesmo era dela. Simplesmente, para fins de ilustrar o seu conteúdo analítico, constava o diálogo sem exatamente denominar a quem pertencia. Mas diante da familiaridade do público com o grupo, ali sob escrutínio, foi fácil identificar. O que também não impediria, identificada, de estar ali, uma vez que a atual lei de direitos autorais (Lei 9.610 de 1998) permite a reprodução de trechos para o exato fim que foi proposto no caso aqui relatado – art. 46, III.
Ah, só que eu já ia esquecendo, quem escreveu não fez nada além do seu direito de questionar até onde poderia ir a exposição de opinião alheia sobre um tema tão complicado e delicado. Ao contrário do crítica de apropriação e denegrir imagem, que tomada de pessoalidade e emoção, foi além do que deveria.
Pensem, contestem e opinem.

Nota:
[1] Citação do poema “A Catedral” por Alphonsus de Guimarães. Obra em domínio público.

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