E o sino
chora em lúgubres responsos:
"Pobre
Alphonsus! Pobre Alphonsus!"[1]
Vivemos tempos selvagens, nos quais, aos nos expormos, parece que a
inquisição espanhola vai querer cair sobre nós. Digo isso
diante da quantidade de comentários raivosos que se sobressaem ao
expressarmos uma determinada opinião ou trabalho na rede.
Principalmente nos casos em que as pessoas vivem profissionalmente de
seus textos, vídeos, como os casos de páginas e redes sociais
voltadas para exibição de conteúdo.
Essa é a
imagem do denominado hater, alguém que por se encontrar atrás
de um monitor de computador e esconder seu rosto para quem está do
outro lado, parece perder a vergonha de seus atos. Afinal, como o
homem invisível, ao não se olhar no espelho, não se confronta com
a culpa do que faz. O pior disso tudo é que há aqueles que propagam
essa subespécie de cultura entre seus fãs e seguidores, mas esses
primeiros têm a capacidade de se conhecerem e olharem para si mesmos.
Tornando tais atitudes, para dizer o mínimo, completamente
antiéticas.
Poucos
não são, os exemplos disso acontecendo e esse ano tivemos alguns
casos bem feios. Um deles chegou ao ponto do haters terem seu
comportamento embasado através da opinião de alguém relacionado a
figura a ser 'protegida'. Ainda que a pessoa possa não ter
concordado depois com a forma que as coisas tomaram, ao fundamentar o
objeto de seu julgamento, deu oportunidade para todo uma legião vir
em cima do crítico original.
Porém,
algo que eu nunca concordei, nesse caso em específico, foi com o
fato de que a pessoa que ajudou no estopim hater ter colocado
a seguinte incongruência: apropriação de diálogo e não se
importa com críticas a opinião. Mas, epa, epa! Foi exatamente o
contrário, porque ao final, há na publicação um super texto para
corroborar essa obviedade. E se houve um erro interpretativo, eu
muito concordo com ele, então penso que ele deixa de ter essa falha,
pois afinal é uma questão de opinião - e não, minha opinião não
é excremento. Se a de certas pessoas é, eles que são homens que se
entendam com isso.
O que é
complicado é lidar com essa fala de apropriação de diálogo,
porque quem produziu a crítica jamais disse que o mesmo era dela.
Simplesmente, para fins de ilustrar o seu conteúdo analítico,
constava o diálogo sem exatamente denominar a quem pertencia. Mas
diante da familiaridade do público com o grupo, ali sob escrutínio,
foi fácil identificar. O que também não impediria, identificada,
de estar ali, uma vez que a atual lei de direitos autorais (Lei 9.610 de 1998) permite a reprodução de trechos para o exato fim que foi
proposto no caso aqui relatado – art. 46, III.
Ah, só
que eu já ia esquecendo, quem escreveu não fez nada além do seu
direito de questionar até onde poderia ir a exposição de opinião
alheia sobre um tema tão complicado e delicado. Ao contrário do
crítica de apropriação e denegrir imagem, que tomada de
pessoalidade e emoção, foi além do que deveria.
Pensem,
contestem e opinem.
Nota:
[1] Citação do poema “A Catedral” por Alphonsus de Guimarães. Obra em domínio público.
[1] Citação do poema “A Catedral” por Alphonsus de Guimarães. Obra em domínio público.
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