domingo, 19 de julho de 2015

Precisamos falar sobre Clara

Soa apenas como um soluçar de dor.

Nesse tempo de levante de pessoas, e por vezes grupos, que pretendem dizer quem deve fazer o quê da vida. Querem mandar em tudo, dizer que estamos errados e apenas eles certos. Não importa o quão diplomático sejamos. Nossa vida, ainda que não façamos parte do seu grupo, deve se pautar em suas crenças particulares. Mesmo que sejamos daqueles que creem no nada crer.
Quem sou eu para me interpor entre eles e sua ode a uma verdade que não me contempla. Alguém que se pretende livre: sou obrigada apenas naquilo que a lei me impõem. No entanto, se esta lei estiver além do que deveria prever, levantarei pelo direito a resistência pacífica a algo não democrático.
Isso está muito abstrato. Talvez, porém vivemos tempos estranhos, dos quais é difícil se manifestar sem cair cinco em cima para te dizer que você está errado e que não concorda com o que você diz. Sem, contudo, desenvolver uma boa discussão, mesmo que cada um fique do seu lado, o outro entende os argumentos e pode levar adiante.
Se temos livre arbítrio, por que eu deveria me interpor sobre suas escolhas? Ou a falta delas? Se não lhe conheço, o máximo que poderia fazer (ou agir contra) é na medida daquilo que me atrapalha. Nesse caso, estaria eu coberta pela razão e pelo direito para proteger o que me pertence – sendo bem material ou não.
As vezes penso como seria para Clara Nunes cantar nos dias de hoje com tanta patrulha. Na década de 1980, certo ou errado, houve muitos programas de dramaturgia com temática dentro da Umbanda e do Candomblé. Será que seria possível hoje em dia?
Diria você para mim: “Patricia e o 'Canto da Sereia' que passou na rede sbrobols de televisão. Respondo, como uma minissérie de férias, passou num horário tão especial quanto todo o projeto, fora de qualquer horário especial, sendo que o Candomblé era parte do cenário e não o todo foco narrativo da peça dramatúrgica.
Vejo com certa dificuldade termos cantores com temática dentro destas religiões. Ou como muitos vídeos da própria Clara, no qual há um cenário representando um templo de Umbanda/Candomblé, ela não só a caráter como também saudando cada uma das entidades e os músicos acompanhando na mesma levada.
Espero que alguém chegue e diga que eu estou errada.

Para ouvir: todas as músicas interpretadas por Clara Nunes.

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