domingo, 5 de julho de 2015

Cíclico

De Cetus a Kraken
Ou como a ignorância continua

Mais uma vez, fomos brindados com a falta de revisão em uma matéria de um grande veículo jornalístico. Não preciso dizer que o irmão de celulose (e mais velho) da Vênus platinada, parece carecer de elemento humano para ultrapassar incongruências intelectuais. Porém, eu peguei a rebarba porque não li a matéria original, mas estava lá no espaço ao leitor de hoje. Esses são espertos e atentos.

Mas por quê falar de Cetus e Kraken? Porque graças a “Fúria de Titãs” (Clash of the Titans), ficou uma ideia errada de que o monstro lançado contra Andrômeda, pelo que sua imprudente mãe falou, seria o segundo e não o primeiro. E isso é um problema?
Talvez não seja, mas Cetus é um monstro da mitologia grega, enquanto Kraken pertence a mitologia nórdica. E aí há uma grande diferença, uma vez que os gregos não iam além do mar Mediterrâneo; sabiam que o mundo terminava ali. Ou a isso temiam. Enquanto os nórdicos foram até a América do Norte – lembra das suas aulas de História quando diziam que antes Cabral e Colombo já havia informação de terras para o Ocidente?
Em termos similares, ambos são monstros marinhos, mas se diferem em sua forma física, local em que são encontrados e nas histórias mitológicas. O Kraken é descrito como um grande polvo atacando aos navios, como no “Piratas do Caribe”, enquanto Cetus é uma deusa marinha com uma história muito maior que apenas sua participação como um simples monstro marinho que escolhido para ser o flagelo de Andrômeda.
Não se pode esquecer que o nome Cetus também é próximo da palavra ketos que significa monstro marinho em geral. E é nome da deusa que dá origem ao ramo de animais marinhos denominados cetáceos, no qual se insere o golfinho e a baleia. Porém, o polvo não faz parte. E sim, a indicação do leitor, que me fez escrever a esse respeito, tinha ligação com essa questão:
No entanto, a reportagem ficou a meu ver, um pouco comprometida quando foi citado na página 22, que o inverno é uma boa época para cetáceos (“o polvo dá na mesma época do caqui”). Cetáceos são os golfinhos e as baleias. Os polvos fazem parte do Filo dos moluscos.
Será que a gente pode dizer que a coisa ficou feia? É o que está parecendo.
Logo que saiu a refilmagem do “Fúria de Titãs”, lembro de ter assistido a uma crítica numa página de uma grande empresa de internet conhecida e ter de me deparar com o desconhecimento da jornalista a respeito do mito do qual a história era baseada. Estou começando a achar que é algo normal e, quem sabe, um pré-requisito, não confirmar informações dentro da profissão.
Vejam que não estou criticando por ter gostado do filme, na verdade, a segunda versão simplesmente rasga os compêndios de mitologia. Sou contra o fato de passarem informação sem fundamento, sem novo exame.
Cultura é informação, e informação é poder. Se você não sabe do que falam, como vai poder criticar?
E como num círculo, um quase símbolo perfeito do infinito, eu volto a falar do que me fez abrir esse espaço em primeiro lugar.

Não sei se vocês notaram, mas o blog tem agora um mês e um pouquinho de existência.
Obrigada a todos que acompanham e apoiam o espaço. Sem vocês nada seria possível.
:)

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